Foi médico na Vila do Sardoal, na primeira metade do século XIX.
Era natural da Sertã, onde nasceu a 8 de Dezembro de 1775. Faleceu na vila de Sardoal a 21 de Abril de 1839. Era filho do doutor Luís Nunes Pimenta da Silva (natural da vila de Sardoal) e de sua mulher Faustina Inês Rita de Almeida (natural da vila da Sertã). Terminou o curso de medicina em Coimbra em 1799 (com 24 anos). Foi sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa.
A sua correspondência sobre as crianças expostas e órfãs, denota uma grande consciência social.
O contributo na vacinação
Foi um zeloso pioneiro e propagandista da vacina da varíola, também designada de bexigas. Há alusão ao seu contributo na campanha de vacinação na “História e Memórias da Academia R. Das Ciências de Lisboa”, Tomo IV, Parte I, Lisboa, de 1815.
Na enumeração dos principais correspondentes da instituição vacínica, consta o seguinte sobre o médico do Sardoal:
Seria notado de omisso, se, além destes, não nomeasse o Sr. Francisco Xavier d’Almeida Pimenta, Médico do Sardoal, tanto zeloso pelo bem público, como inteligente na sua Profissão; o qual em uma Carta que escreve no 1.º de Outubro de 1813, diz assim: “No Sardoal não aparecem Bexigas naturais há treze anos, à excepção dos indivíduos que com elas têm vindo contagiados de fora da Vila”. Este grande serviço é unicamente devido ao seu zelo em propagar a Vacina, quando ela era ainda pouco conhecida no nosso País.
Na Conta dos Trabalhos Vacínicos, consta um resumo da campanha de vacinação cujo objectivo era “libertar a Humanidade de um mal, que tem causado a destruição de milhares de indivíduos da nossa espécie, arrancando a vida a muitos, que deveriam ser algum dia membros do grande corpo social. Desde que pela primeira vez apareceu à face do Globo o terrível flagelo das Bexigas, e que de dia em dia os seus estragos eram marcados com a deformidade e morte de muitas pessoas, que sofriam o seu contágio; (…) Foi então que depois de inúteis fadigas, conhecendo-se a impossibilidade de extirpar pela raiz semelhante mal, o julgaram como congénito à nossa espécie, e, contentes por tanto com o fazerem só mais benigno, inventaram a Inoculação das Bexigas.”
Não se pense, contudo, que a campanha de vacinação não teve obstáculos, como se lê a seguir:
“Vacinadores particulares e Sociedades inteiras procuravam com o maior esmero fazer chegar ao conhecimento de todo o Povo civilizado tão preciosa descoberta. O partido da Inoculação, o qual, apesar da valentia dos seus abonadores, começava já a vacilar; por quanto apareciam factos, que eles de balde procuravam esconder, e que longe de demonstrar a utilidade de uma tal prática, só eram capaz de desacreditá-la. Por isso as primeiras vacinações feitas em Portugal sofreram grandes obstáculos, a ponto de se perder quase toda a esperança de propagar-se tão saudável benefício; até que, pelo andar dos tempos, por esforços repetidos, e persuasões continuadas de muitos Médicos sensatos, e mais que tudo pela perda de indivíduos que, a todo o momento, eram sacrificados à morte, olhou-se com atenção para o que até ali se tinha rejeitado com tanto aferro.”
Deputado às Cortes
Nas eleições que se realizaram em dezembro de 1820, para a formação das Cortes Constituintes de 1821, foi candidato a deputado pela província da Estremadura. Nessa eleição teve o menor número de votos e por isso ficou como substituto (cfr. Lista dos 24 deputados em Cortes e dos 8 substitutos, Lisboa, Typographia Rollandiana, 1821).
As águas termais
Participou na primeira análise científica das águas das termas de Cabeço de Vide (1820). No ano anterior, os moradores requereram ao Ministério do Reino que se mandasse fazer reparos na fonte de água mineral, de que muitos doentes haviam recebido benefício. O Ministério instruiu a Academia Real das Ciências de Lisboa para analisar a água, o que ocorreu em abril de 1820 por Francisco Xavier de Almeida Pimenta. O professor de química Tomé Rodrigues Sobral também deveria ter colaborado nesse projecto, mas a Revolução de 1820 afastou-o deste trabalho.
Dicionário Bibliográfico
É-lhe dedicada uma entrada no “Diccionario Bibliographico Portuguez”, de Innocencio Francisco da Silva, Tomo Terceiro, de 1858.
Bacharel formado em Medicina pela Universidade de Coimbra, e que exerceu a sua profissão durante muitos anos na villa do Sardoal. Foi Deputado ás Côrtes constituintes em 1821, e correspondente da Academia Real das Sciencias de Lisboa. – Nasceu na villa da Certã, comarca de Castello-branco, a 2 de Dezembro de 1775, e morreu a 21 de Abril de 1839 – V. as Memorias Biographicas do sr. Rodrigues de Gusmão a pag. 57, ou na Gazeta Medica de Lisboa, tomo VI, n.º 129.
Escreveu:
1923) Observações de uma prenhez, terminada pela putrefação do feto. – Sahiu no Jornal de Coimbra, vo. IV, pag. 213.
1924) Observações sobre o uso do fructo do castanheiro da India. (Aesculus Hypo-Castanum, Linn.) – No dito jornal, vol. dito, pag. 214.
1925) Descripção de uma febre, que grassou em Villa-velha, comarca de Castello-branco, no verão de 1811. – No mesmo jornal, vol. VI, pag. 297.
1926) Observações sobre calculos biliares. – No dito jornal, vol. VIII, part 1.ª pag. 142.
1927) Caso de morte, em consequencia de uma pequena ferida na barba. – No dito jornal, e no mesmo vol., pag. 148.
1928) Carta sobre o effeito dos banhos da fonte da Fedegoda de Beler na elephantiase. – No mesmo jornal, e vol.
1929) Carta sobre o uso das agua sulphureas nas molestias de pelle. – No mesmo jornal, e vol.
1930) Casos praticos sobre creação de meninos, com leite que não seja de mulher. – Dito jornal, e vol.
1931) Carta aos redactores do Jornal de Coimbra sobre o óleo de mandubi. (Arachis Hypogea, Linn.) – Dito jornal, vol. XV, pag. 192.
1932) Investigações sobre a natureza e antiguidade das aguaes mineraes de Cabeço de Vide. – Nas Mem. da Acad. R. das Sciencias de Lisboa, tomo VIII, parte 2.ª, de pag. 135 a 149.