Dr. Giraldo Costa e o seu “Esboço Chorographico do Sardoal”

Giraldo Joaquim Maria da Costa nasceu em 1821 na Sertã, filho de Francisco José da Costa.
Formou-se em Medicina e Cirurgia na Universidade de Coimbra, em 15 de Novembro de 1844. Antes de vir para o Sardoal, exerceu medicina no Concelho de Figueiró dos Vinhos. A partir de 1851 foi médico do Partido Municipal nesta Vila.
Em 1862 fez parte dos órgãos fundadores da Sociedade Filarmónica Sardoalense. O seu nome persiste ainda na toponímia sardoalense, com a Rua Dr. Giraldo Costa.

Interessou-se pela história do Sardoal e escreveu um esboço corográfico do Sardoal em 1882, que foi publicado no Dicionário Popular e que veio a servir de base à maioria das referências que sobre o Sardoal aparecem em diversos dicionários corográficos publicados em finais do século XIX.

Pinho Leal, na sua obra “Portugal Antigo e Moderno”, vol. 9, publicado em 1880, agradece-lhe nos seguintes termos: “Cumpre-me aqui agradecer cordialmente ao exmo. sr. doutor Geraldo Joaquim Maria da Costa, médico do partido da câmara do Sardoal, os valiosíssimos apontamentos que teve a benevolência de me dar, com respeito a esta vila, e que tanto concorreram para que o artigo saísse o mais completo possível. (…) Honra pois ao sr. dr. Costa, que soube compreender isto, e que tanto concorreu para tornar a sua terra devidamente conhecida e apreciada.”

Há muitos anos, quando procurei conhecer a História do Sardoal, deparei-me com uma confrangedora ausência de informação publicada. Além de algumas notas desgarradas na Imprensa Regional e Nacional, de pequenas entradas em enciclopédias e dicionários corográficos, apenas consegui localizar, na altura, este interessante opúsculo com pouco mais de meia dúzia de páginas. Desde 1882 até cerca de 100 anos depois, parece que muito pouco se publicou sobre a História do Sardoal.

“Esboço Chorographico do Sardoal”, coordenado por Giraldo Joaquim Maria da Costa, Typographia da Viuva Sousa Neves, 1882

Pelo seu interesse historiográfico e por ser difícil de encontrar, aqui o deixamos.

Esboço Chorographico do Sardoal

Coordenado por Giraldo Joaquim Maria da Costa

Vila na Extremadura, cabeça de Concelho e de Julgado, aquele composto das freguesias do Sardoal e Alcaravela, pertencentes ao Distrito Administrativo de Santarém, este das mesmas e das do Souto e Mouriscas do Concelho de Abrantes e Dependente da Comarca de Abrantes, situada ao Norte do Tejo, 11 km de Abrantes, 135 da Guarda e 120 ao SE. De Lisboa.

Orago da freguesia, S. Tiago e S. Mateus Evangelista.

Foi Bispado de Castelo Branco, donde distava cerca de 70 km e pela recente circunscrição Diocesana ficou pertencendo ao Bispado de Portalegre, donde dista 60 km.

O nome desta Vila é derivado de Sardão (Lacerta viridis), réptil que se encontra frequentemente em todo o Concelho de Sardoal.

Conta a Vila 342 fogos e 1297 almas e o Concelho 1295 fogos e 4939 almas; sua existência como povoação, perde-se na antiguidade, presumindo-se que pela bondade do sítio, qualidade do clima, pureza do ar, a elegeram os primeiros habitadores para sua vivenda, no tempo em que seria casal ou limitada aldeia e vendo a sua condição de salubridade e outras propriedades conducentes para o trato da vida se iriam congregando em vizinhança de moradores atraídos pela utilidade que suas culturas experimentariam. É, porém, verdade constante de documentos existentes no importante Arquivo Municipal que a povoação do Sardoal, estando a 11 km da notável Vila de Abrantes (e sua actual estação de via férrea), ou por foral do seu primeiro princípio ou por ter crescido em população e opulência, já no século XIII, quando a monarquia apenas teria 200 anos, havia sido enobrecida e continuou subsequentemente a ser considerada por muitas, diversas e especificais munificências régias, e que se achava constituída em julgado e Concelho, antes mesmo de ser elevada à categoria de Vila, o que teve lugar por moto próprio, espontânea e a mas honrosa carta de mercê d’El-Rei o Senhor D. João III, passada em Évora a 10 de Agosto de 1532, não sendo esta a última a que seus moradores, tanto colectiva como individualmente foi concedida. Pelo seu termo passam as ribeiras do Cadafaz ao Sul da Vila, e a de Acez ao Nascente e a de Alferrarede ao poente do Concelho. Tem importantíssimos mercados todos os segundos domingos de cada mês, sendo o mais concorrido o de Janeiro e ainda o de Fevereiro e a feira anual a 28 de Outubro.

O Correio é delegação de Abrantes, que desde Janeiro do corrente (1882) não pode proceder ao seguro de correspondência postal e expedição de vales, tendo-se também uma estação inaugurado.

Tem hospital administrado pela Santa Casa da Misericórdia, a instituição da qual data de fins do Século XIV ou princípio do imediato, confirmada em 1554 por bula do Santíssimo Padre Inocêncio VI, com a primitiva denominação de Confrades de Santa Maria do Hospital, e tal começou a ser zelo e dedicação de suas administrações, que se do na primitiva custeava suas despesas com esmolas que os confrades eram encarregados de obter, actualmente tem um bom rendimento próprio, proveniente de legados que se hão deixado por diversas disposições testamentárias.

O movimento anual dos enfermos passa de cem, chegando alguns anos a duzentos, além dos socorros domiciliários a outros enfermos e necessitados, que atingem aquele número.

Até à extinção das ordens religiosas, a Misericórdia, a sua casa e decente Igreja, como o Hospital era próximo à Matriz da freguesia, um dos melhores templos circunvizinhos e ainda de bispado, depois transferiu-se com o seu Hospital (conservando porém sua primordial casa e templo) para o convento da Nossa Senhora da Caridade, sito no alto do monte sobranceiro à Vila e que havia sido dos frades menores da província da Soledade, posição saudável, mui aprazível e mais adequada pelas suas condições para sede do Hospital e estabelecimento de idêntica natureza.

O Exmo. Senhor Francisco Manuel de Mendonça, da ilustre casa dos Mouras Mendonças, desta Vila, cónego da Sé Patriarcal, sendo provedor da Misericórdia, quando esta com seu Hospital foi transferida para o Convento, comprou a cerca a ela contígua, fez logo dela doação à Santa Casa, da qual foi um incessante protector, fazendo a expensas suas obras indispensáveis para adaptar o edifício ao fim destinado. Faleceu tão benemérito e incansável patrono a 16 de Agosto de 1862. Teve em sua nobre família, além de Monsenhores, abades e religiosos no mosteiro de Lorvão, o Exmo. Senhor D. Gaspar Barata Mendonça, o qual nascido a 3 de Agosto de 1627, e falecido em 1686, era filho do Exmo. Senhor Pedro Lopes Barata, o qual ocupou diversos cargos na magistratura e era natural do Sardoal.

Seu filho foi Juiz de Fora em Tomar e passando ao estado eclesiástico, tomou posse das abadias de S. João de Gestaco do padreado de Unhão, e pela renúncia d’esta abadia, prior de Santa Engrácia em Lisboa, onde também serviu de desembargador da Relação e Juiz dos casamentos, sendo por último o primeiro arcebispo da Baía.

O convento de N. S. da Caridade, foi edificado em 1570, sendo provincial da ordem Frei Manso, natural da cidade de Elvas, no local onde existia uma ermida de N. S. da Caridade, d’onde lhe vai o nome, concorrendo as instâncias e expensas do povo da Vila para a fábrica d’esta obra e devendo-se as maiores ao Exmo. Senhor D. Duarte de Almeida, filho do Sr. D. Lopo de Almeida, 3.º Conde de Abrantes, o qual por viver no Sardoal e ser muito afeiçoado aos religiosas e obras de caridade, por sua conta correu a maior parte da obra do convento, sendo por sua disposição testamentária sepultado junto aos degraus do altar-mor.

O cavaleiro Francisco Lobato, membro de uma das principais famílias dessa Vila, também deu grandes esmolas para esta fundação conforme consta da inscrição gravada na sua sepultura que ainda hoje se vê na casa que foi do capítulo.

Segundo consta de uma lápide embutida na parede do lado do Evangelho na capela-mor, foi este convento reedificado em 1676, lançando a primeira pedra, com a assistência do providencial da Ordem, e já referido Exmo. Senhor arcebispo da Baía, D. Gaspar Barata de Mendonça, a quem por contrato celebrado em 1 de Abril de 1678, foi dado o seu padroado, havendo dado mil cruzados para  reconstrução e obrigando-se à ordinária de 30$000 réis anuais para o lado da epístola. Sob o pavimento da mesma capela-mor há um vasto carneiro onde eram sepultados os membros da ilustre e nobre família Moura Mendonça, a qual além dos já mencionados e outros oficiais, tanto do exército de mar, como da terra, teve o Exmo. Sr. Pedro de Mendonça e Moura, nascido a 1 de Junho de 1742 e falecido a 25 de Abril de 1821, condecorado na Ordem de Malta com o Baliado de Leça, em marinha com o posto de Almirante e conselheiro do almirantado e que gozava o privilégio de ter encimados em seu palácio, as armas reais, circundadas dos diferentes troféus militares, e de ter o Santíssimo Sacramento permanente em sua capela, sob a invocação de Nossa Senhora do Carmo,  ainda hoje tratada pelos seus herdeiros, com quanto deixem de pertencer a sua família, com o máximo lustre e esmero.

O primeiro herdeiro, fora da família, rev.º Sr. Padre Gregório Pereira Tavares, falecido em 12 de Outubro de 1867, só ficou senhor por disposição testamentária dos bens livres, pois outros mais havia vinculados, os quais passaram a quem de direito pertenceram, e também herdou os sentimentos, que já lhe eram naturais e estavam inoculados, de zelo e dedicação, pela Santa Casa da Misericórdia e da caridade evangélica com os pobres, satisfazendo valiosos legados.

Uma outra família, também distinta entroncada por vínculos matrimoniais com a dos Srs. Mouras de Mendonça, aqui houve com propriedade nesta vila, mas residente cerca de 9 km dela, no sítio denominado o Pochão, da ilustra e nobre casa dos Exmos. Srs. Cordes, da qual o seu último descendente, neste termo jaz sepultado no seu jazigo em a capela da Nossa Senhora da Graça, da aldeia dos Valhascos.

Possui esta vila um dos mais abundantes, em volume e princípios mineralizadores, mananciais conhecidos de águas calibeadas (férreas) tidas como digestivas, desobstruentes e litotrípticas.

A sua importância agrícola é bastante considerável e extensa, porquanto ainda que sua principal produção, constituída de sua primeira fonte de riqueza, seja a proveniente da cultura da oliveira, a qual em tempos remotos parece ter sido espontânea pelas aparências ainda hoje notadas e a que o terreno de tal modo se presta, que quasi se pode dizer não há metro de terra, vale ou outeiro que a ela não esteja aplicado, pela sua feracidade, mesmo por entre o arvoredo se cultiva as diversas espécies de cereais, tais como trigo, cevada, milho, etc.

Além disto a laranjeira adquire grande desenvolvimento e do excelente, como precioso fruto, a sobreira prospera imenso e atenua os sacrifícios do lavrador proprietário do restante da arboricultura, se encontra espécies de formoso e saboroso fruto pela sua escolhida qualidade; bem assim no que toca a horticultura. As calamidades destes últimos tempos hão afectado imenso a agricultura destruindo as laranjeiras e matando a produção dos olivais e vinhedos, no entanto os proprietários embora com sacrifício não desistem de conservar a sua antiga e grande escala de plantação e até mesmo têm ampliado.

Sardoal tem tido em todos os tempos pessoas de grandes haveres e de muita reputação, tem dado varões eminentes e beneméritos da Pátria que logo e mui longo seria d’enumerar todos, pelos relevantes serviços que lhe prestaram no exército e na armada e ainda pelos seus talentos e altas dignidades que ocuparam e se pode ver pelos epitáfios de suas sepulturas na igreja matriz, na do convento, hoje misericórdia, como também na profanada igreja de Santa Maria do Castelo de Abrantes.

Até 1860 havia nesta vila um bodo em Domingo de Espírito Santo, dado por mordomos e outras pessoas que por devoção contribuíam para ele e para a respectiva festividade, uma das mas solenes e de longa distância concorridas ao qual deixou de dar-se pelo seu grande dispêndio; há poucos anos porém muito mais limitado se iniciou dar naquele mesmo dia um bodo aos inocentes, fazendo-se também festividade.

A instituição deste bodo é tão antiga que se ignora quando e por que motivo teve seu princípio. Os que concorriam com os seus donativos para esta solenidade tinham uma porção de carne de vaca e pão cozido proporcional à esmola e cada um deles armavam na véspera em sua casa uma espécie de altar, que à porfia todos ornavam do melhor modo e segundo as suas posses, pois que à noite, grande parte das famílias da vila com seus hóspedes e convidados, tinham por costume ir visitar os denominados altares. No Domingo eram o pão e a carne conduzidos à capela do Espírito Santo, no centro da vila e aí repartidos também pelos pobres no que intervinham as bênçãos da igreja.

Ainda hoje se faz o bodo em igual festividade do Espírito Santo, menos aparatoso, porém, na capela de S. Tiago pertencente ao grupo de povoações denominado Mogãos e componente da freguesia.

Em 1879 a Câmara Municipal deste Concelho sendo presidente o Sr. Máximo Maria Serrão, oriundo duma das principais famílias da vila, em extremo dedicado ao desemprenho das funções públicas, sob sua direcção, dotou esta Vila com um há muito reclamado melhoramento, o qual foi a aquisição de um abundante manancial de água potável que lhe ficava a cinco quilómetros de distância, no sítio do Valongo e geralmente conhecido pelo nome de Fonte frei Álvaro, canalisado quasi até à vila na intenção de se vir introduzir nela, por meio de manilhas de ferro soterradas, a expensas do município, contraindo para este fim um empréstimo com o Crédito Predial de 2.700$00, a 2 de Abril de 1878.

Teve a Câmara a ideia, e para complemento dela chegou a levar aos poderes públicos uma representação, pedindo autorização para desviar uma parte da receita destinada à viação municipal, aplicando-a à conclusão de tão vital quanto interessante obra até hoje (1882) porém cousa alguma pôde conseguir.

Há nesta Vila as capelas do Espírito Santo, de Nossa Senhora do Carmo, já indicadas a da Santa Catarina, de Santa Ana e S. Sebastião e nos subúrbios as de S. Francisco e S. Domingos e Santa Maria Madalena, mas das duas últimas apenas existem as paredes, da primeira nem vestígios, e bem assim, da de S. Sebastião, que tradicionalmente se diz ser a primordial Matriz.

Em seu termo todas as aldeias da freguesia têm a sua capela tendo a dos Valhascos duas, a primeira e principal Nossa Senhora da Graça, onde além de outras se celebra a 8 de Setembro a festa da padroeira e a de S. Bartolomeu, a aldeia da Cabeça da Mós, a sua sob a invocação do Senhor Jesus da Boa Morte, a de Entrevinhas tendo por patrono Santo António e entre estas duas aldeias a capela da Nossa Senhora da Lapa, junto à Quinta da Arcez, que foi do Exmo. Senhor 1.º Arcebispo da Baía, e hoje dos herdeiros de Vicente José da MAata, de Vila de Rei, por compra que este dela havia feito.

Em a aldeia dos Andreus, uma com a invocação de S. Guilherme, as festas porém principais são nesta aldeia a de Nossa Senhora da Conceição na 1.ª oitava da Páscoa e a de Nossa Senhora da Saúde no dia de S. João, que fora da aldeia tinha capela própria, mas tão deterioridade que a sua imagem foi trazida para a da aldeia e está em altar privativo.

Na aldeia de S. Simão também há capela com a invocação do seu nome onde ainda se vê uma pia batismal, ignorando ao certo por que motivo ali se encontra, e teve aquém da ribeira a de S. Miguel em completa ruína.

Nas aldeias dos Mógãos há a de S. Tiago de que já se falou.

Há neste concelho grande número de nascentes de águas minerais, as mais importantes, porém, pela sua abundância e mineralização, conforme já disse são próximas e ao fundo da Vila, das quais e doutras fontes Francisco da Fonseca Henriques, médico de Mirandela, em seu “Aquilégio” tratou com a denominação de públicas neste concelho.

A mais antiga destas nascentes, que no frontispício tem a data de 1710 em letra romana, rebenta de uma chocha granítica, um pouco abaixo da capela de S. Sebastião, na margem esquerda da ribeira, conhecida pela Fonte do Ferro, produzindo nove centímetros cúbicos de água por segundo, temperatura 60º F.

É transparente, inodora e com o sabor ordinário das águas da sua natureza, e se lhe atribuem qualidades desobstruentes e litotrípticas.

A outra nascente, mais abundante, corre cem metros abaixo desta deixando por onde passa, um sedimento avermelhado próprio, com o sabor mais pronunciado que a primeira e na mesma margem esquerda da ribeira.

Segundo a tradição apareceu pela primeira vez no dia do terramoto de 1755 em resultado de um abalo de terra que abriu um rochedo e pela fenda começou a correr. Em 1791 à custa do povo da Vila foi passada através da ribeira, convenientemente canalisada de modo a não se comunicar com as águas dela, até um chafariz a uns cem metros de distância na margem direita. Produz em cada segundo três decímetros cúbicos de água, repartidos por 3 bicas e a sua temperatura e qualidade terapêuticas são idênticas às da Fonte Férrea, e é conhecida pelo Chafariz das Três Bicas.

Cai sobre uma pequena bacia de pedra da qual passa por baixo dum pavimento quadrilongo, lajeado e engradado e vai cair da altura de 3,25m em tanque reservatório, sempre ocupado com 10,5m de comprimento e 1.4m de largura e 0.72m de altura, grande recurso para os habitantes nos usos domésticos, para os animais e fertilização das terras inferiores.

Para melhor se avaliar à primeira vista sua capacidade constante de Verão e de Inverno, basta dizer que estando aqui de passagem para o campo de manobras do regimento de cavalaria n.º 8 os cavalos, em consequência da permanente renovação de águas pelas bicas não chegavam a esgotá-lo nem a fazer sensível diminuição.

Há também nesta vila minas de chumbo e ferro, das quais se têm feito algumas explorações sem resultado, umas pelos vestígios de gemearias de antigas explorações, outras por se não haver ainda encontrado o seu verdadeiro jazigo.

Aquela que pareceu dar produto, próximo da aldeia da Cabeça das Mós, no sítio denominado Castelo, está desde há muitos anos abandonada, não se sabe bem porque motivo e passada ao domínio do Estado pela falta de renovação dos manifestos.

Os principais documentos existentes no arquivo Municipal da Câmara do Sardoal, concernentes às munificentes régias com que a Vila do Sardoal em várias épocas foi considerada, são:

  • Carta da Rainha Santa Isabel, passada em 11 de Janeiro de 1351.
  • Idem a 20 de Setembro de 1356, dada aos moradores do Sardoal para conservarem a antiga posse de ter Alcaide natural do mesmo lugar.
  • Carta de El-Rei D. Pedro I, concedendo e confirmando jurisdição aos Juízes do Sardoal, de 26 de Janeiro de 1402, referindo-se a uma outra passada em 1364.
  • Carta de desagravo judicial do mesmo Augusto Senhor de 2 de Outubro de 1403.
  • Carta de desagravo de jurisdição ainda do mesmo Senhor, de 19 de Junho de 1404.
  • Carta de Sentença dada por El-Rei D. João I em 11 de Fevereiro de 1426, em benefício dos moradores do Sardoal.
  • Ordenação do mesmo Augusto Senhor, em 6 de Março de 1426, em favor dos mesmos.
  • Carta do mesmo Augusto Senhor, de 25 de Novembro de 1436 em favor das suas jurisdições, regalias e isenções, passada o arraial de Campo Maior.
  • Carta do mesmo Augusto Senhor, de 23 de Outubro de 1431, em favor dos mesmos moradores do Sardoal.
  • Carta de mercê de El-Rei D. João II, em 30 de Março de 1441 com respeito à alçada de jurisdição pela qual se mostra datar esta de mui remota e antiga Era.
  • Carta de desagravo de El-Rei D. Afonso V, em 28 de Julho de 1447, com respeito à construção da estrada.
  • Carta autên das Cortes convocada por El-Rei D. Afonso V, providenciando o bom regímen e governo do reino.
  • Carta de confirmação dada aos moradores de Sardoal por El-Rei D. Afonso V das liberdades, privilégios e franquias concedidas por seus predecessores em 16 de Janeiro de 1471.
  • Carta de confirmação de El-Rei D. João III, do alvará passado por El-Rei D. Manuel em 5 de Novembro de 1523 relativo aos tabeliões que celebraram actos públicos.
  • Carta original de El-Rei D. João III, de 9 de Novembro de 1528, confirmando as mercês concedidas aos moradores do Sardoal, por seu avô D. João e seu pai D. Manuel, com respeito aos efeitos civis de almotaçaria.
  • Carta do mesmo soberano de 9 de Novembro de 1528, com respeito à relação da jurisdição criminal.
  • Carta original do mesmo soberano El-Rei D. João III, fazendo mercê ao lugar de Sardoal de elevar à categoria de Vila, descrevendo e demarcando seu termo. Este documento é dos mais importantes pela sua espontânea e honra dada à nova Vila. Além dos descritos há outros documentos de mercê particular e com diversas datas, um porém de interesse geral, concedendo um porto no Tejo, denominado da Junceira, aos moradores do Sardoal.

Entre os naturais da Vila do Sardoal citaremos o deputado João A. Dos Santos Silva, cuja biografia em breve aparecerá nas colunas deste dicionário e João Monteiro Pinto da Fonseca Vaz, distinto oficial da nossa Marinha de Guerra e actualmente adido militar na legação portuguesa de Londres.

Também era natural desta Vila, Frei Quintino do Sardoal, professor no Convento Cisterciense de Alcobaça, e escreveu em latim a “Vida e Martiryo de S. Tomaz Becket, arcebispo de Canterbury”, que ficou manuscrita.