Ano I
Sardoal, 31 de Agosto de 1927
N.º 1 – Incógnitos, Desconhecidos e Misteriosos
Não temos repórteres – mas tudo sabemos. Do que se oculta – tudo nós vemos. Em que nada se fala – tudo dizemos. É veneno que não mata, chinó que se descobre, careca que se pôe à mostra.
Não temos política – mas fazemos chicana. Queremos ordem – mas fazemos bulha! Salvé rapaziada, mas olho vivo, senão…
-$ Um Futuro Risonho $-
Diz-se à boca fechada que a gentil freira do Convento da Avenida será a única herdeira do Estabelecimento Medicinal no Adro. Se é certo, lá vamos ter o barbeiro de D. Afonso elevado a dentista e laureado pela Faculdade Medicopofónica.
—: Touros de Morte :—
Consta que um distinto alfaiate maneta, cá do burgo, não assiste a touradas com touros de morte porque lhe causa certamente uma grande impressão nervosa o triste fim dos cornúpetos.
Era uma Vez…
Certo PÁSSARO, de agulha e tesoura, o qual teve uma aventura que merece ser contada aos da nova geração, para ripostarem aos moralistas que noutros tempos faziam ainda pior. Estando esse homenzinho apaixonado pela filha de um conceituado comerciante, quis aventurar-se… e combinou com ela ir fazer-lhe de noite um raid pela casa do que veio a ser seu futuro sogro. A pequena era quem triste e sozinha fechava a porta do estabelecimento. Eis quando certa noite, o pássaro já bisnau, poisou atrás duma porta que dava acesso ao ninho. Passadas algumas horas e minutos, quando a Lua já ia altana mansão celeste e a Rua se encontrava no mais profundo silêncio, mas não deserta de todo abre-se a janela e o passarinho num voo rápido e decisivo, aparece um pouco exausto, alcançando o fim desejado… A Rua! O que se teria passado antes, não o sabemos. O que se sonha d’ahi para o futuro é que sem asas também se voa!
– Ouro Ferrugento???
Ingenuamente mais uma vez se pergunta o que teria sido feito ao ouro de que ficou fiel depositário certo artista em folha de Flandres. Como já foi há tanto tempo é provável que já esteja ferrugento. Sim, porque o ouro velho para alguns… cria ferrugem…
– Lavrador e Filósofo –
Lúcio, O GRANDE lavrador há muito preocupado na forma de evitar o roubo das azeitonas, teve um sonho de Nureka: Ora tomando eu conta da fábrica… a azeitona que se rouba, iria lá ter, sem que eu tivesse necessidade de a mandar apanhar e quando acordou nunca mais pensou senão em tornar esse sonho na realidade.
E ficamos hoje por aqui
Qual rapazes de uma cana
Do muito que há para dizer
Fica algum para a semana!